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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Meu doce

Ele tinha uma loja de doces e vivia fazendo propaganda das delícias que havia no lugar. Gabava-se, sem falsa modéstia e com aquele sorriso lindo no rosto, que as receitas da avó dele sempre faziam muito sucesso. Eu, como boa gordinha tensa que sou, resolvi um dia ir até lá para provar as tão famosas guloseimas. Cheguei lá, olhei através da porta de vidro. Ele já havia me visto e sorria. Ah, esse sorriso... se ele soubesse como eu adoro... Entrei. - Mas, meu amor! Você não me disse que era tudo assim, tão colorido! - Sua boba! Claro que disse... vem cá, quero que prove três doces, um deles é um que ainda está em fase de testes. Você vai ser a primeira a provar. Quando eu acertar o ponto e ele estiver enfim finalizado, esse bombom terá o seu nome. O primeiro que provei era um pirulito de puro açúcar. Depois ele veio com uma barra inteira de chocolate meio-amargo e, por fim, um minúsculo bombom em formato de coração com recheio de pimenta. - Estou tentando combinar o doce do chocolate c

Bandeira Branca

Eram dois soldados e um campo de batalha. Armados até os corações, tomando cuidado ao andar por campos minados, que a qualquer momento poderiam levar tudo pelos ares. Um passo em falso e... BOOM! Eram dois soldados armados e protegidos. Capacetes na cabeça, espessos escudos em seus corações. - Corram para as trincheiras! - dizia alguém. E corriam os dois soldados em busca de alguma proteção. Um deles rezava e não conseguia disfarçar o temor, o outro apenas se concentrava nos sons que chegavam cada vez mais perto. BOOM! BOOM! BOOM! Agora podiam ver a fumaça. BOOM! O primeiro rezava baixinho: - Senhor, me dê um pouco da coragem de meu companheiro, que não teme o futuro como eu. Ele tem o coração protegido e por isso não teme o que está por vir. O outro ouvia o colega, mas nada dizia. Apenas reforçava os escudos em seu coração. Os sons continuavam se aproximando, não havia mais nada a fazer. Até mesmo os mais fortes choraram. BOOM! BOOM! Então houve uma última explosão e tudo acab

Guerra de Farrapos

farrapos dentro dos olhos batalhas diante de ti e dentro de mim vermelho que pulsa tenta expulsar o azul gelado dos olhos e os farrapos das mãos uma batalha travei a respiração perdi expulsando o azul o amarelo  sol se abriu apagou-se  o cor-de-rosa farrapos dentro dos olhos batalha travada perdi venci uma guerra aqui dentro de mim ninguém saiu ferido nem ileso

O amor como deve ser

Não sou teus desamores, teus antigos amores. Não serei para sempre o que fui no passado. Não sou a paciência nem a calma. Não sou aquilo que muitos esperavam de mim, nem esperava ser. Não sinto certeza ou segurança. Não sigo com cautela. Sou alguém que muda. Muda muito todos os dias para tentar não cometer erros antigos. Sou a saudade que renasce com a sensação de que algo aqui dentro mudou e nunca mais vai voltar a ser o que era. Sou o que penso e o que não digo. Sou teu... sorriso quando é meu, um sorriso meu por ti. Sou teu abraço e o meu silêncio. Sou meu silêncio. Sou o que ninguém mais vê. Sou a água e o vinho, sou o que sinto. Sou o que não é eterno, eu sou o amor. Sim, o amor é perecível. Teu amor de hoje não será o amor eterno ou o amor da tua vida. Você só descobre quem foi o amor da sua vida - e se teve algum amor - alguns segundos antes de morrer, quando o filme das tuas memórias passa através dos teus olhos relembrando os momentos que fizeram você se sentir vivo. Uma b