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Mostrando postagens de janeiro, 2010

Apesar de, se deve viver...

“Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita fui a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.”  Clarice Lispetor

Aquela caixa

Peguei aquela caixa, esquecida no canto da prateleira desde que você foi embora, e abri. Lá estavam todas as lembranças que eu tinha de você... Aquela era a única caixa que eu ainda mantinha fechada. Mas hoje, ah, hoje foi diferente. O fato é que hoje nenhum daqueles bilhetes me afetou, por mais estranho que pareça. É, e por alguns instantes eu até esqueci o porque de tê-los guardado por tanto tempo. Hoje foi um dia diferente. Hoje eu acordei sem saber quem você era, acordei sem saber porque guardo bilhetes seus. O quê? Não entendeu ainda? Bom, o que eu estou tentando dizer é que você não precisa mais se preocupar com as suas coisas que eu guardava. Mandei de volta. Tudo. Agora vou procurar outros bilhetes que não os seus... Sim, é isso mesmo! A caixa está vazia de novo, coração. Não era isso que você queria ouvir?

Frágil

"Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar." Caio Fernando Abreu

O dedinho

Existem coisas que se atraem: o dedinho e o sofá, camisa branca e um pedaço de pizza cheio de catchup, a geléia da torrada e o tapete da cozinha... são coisas que se atraem mas não deveriam. Por quê? Porque algumas dessas coisas causam dor, outras só decepção. E algumas coisas não fazem sentido. Vivo me perguntando o porque de sempre estar batendo o dedinho no sofá. Será que eu nunca aprendo? E não, não adianta você olhar por onde anda, porque o sofá vai estar sempre lá, esperando o momento em que você estiver distraído para seduzir o seu pobre dedinho... Uma guerra deixa lembranças e traumas, um tombo deixa cicatrizes, um amor deixa marcas, um dedinho no sofá causa dor... O amor é uma guerra e também um sofá. Uma guerra que, como em qualquer guerra, não deixa que nenhum dos lados saia completamente ileso. Se ninguém sai ferido, é porque não existiu a guerra, não existiu o amor. Um sofá que, como eu já disse, está ali, esperando um momento de distração para fazer você chorar mais u